Renata Ruel, árbitra assistente de futebol pela Confederação Brasileira
mostra que o maior “impedimento” no futebol é o preconceito de outras mulheres
No começo da carreira, a árbitra
assistente Renata Ruel enfrentou duras críticas por atuar no mundo do futebol,
dominado em sua maioria pelo sexo masculino. Para ela, o maior “impedimento”
estava no fato de outras mulheres discriminarem a sua função. “A torcida ainda
grita coisas do tipo “Vai lavar louça! O que você está fazendo aí? O mais o
triste é quando essa torcida que grita é feminina. Há mulheres que também são
machistas e preconceituosas”.
Renata tem 39 anos e está na
profissão há 14. Sua paixão começou na infância, quando pisou em um estádio
pela primeira vez. “Eu pensei: um dia eu vou trabalhar aqui!”.
Mas para concretizar o sonho de
criança, passou por alguns desafios, incluindo a pressão por cursar um ensino
superior, tendo em vista que, para ser tornar um árbitro, não é necessário ter
uma faculdade, mas sim um curso especializado na função. “Levei seis anos para
concluir a graduação na área de administração, mas a minha paixão sempre foi a
arbitragem. Minha mãe exigiu que eu completasse a faculdade e só depois eu
faria o curso de arbitragem”.
O fato de ser mulher não a
impediu de buscar o seu sonho, mas ressalta que há muita resistência contra o
sexo feminino em qualquer área de atuação dentro do futebol. Renata aponta que,
em 2013, no Campeonato Paulista havia cerca de oito mulheres atuando na série
A1, e hoje, existe apenas uma. “É mais difícil ainda você ver uma mulher
trabalhando como árbitra central. No curso também houve uma diminuição no
número de mulheres, justamente por observarmos que não há muita oportunidade
pra gente. Ao invés de progredir, ocorreu uma regressão, especificamente em São
Paulo. Mas, em compensação, em outras partes do mundo o número de mulheres
atuando no campeonato masculino aumentou, é um contraste”.
Renata afirma que é preciso
analisar o profissional pela capacidade e não pelo gênero, atributos físicos ou
estereótipos. “Na hora em que colocarmos o quesito “competência” para avaliação
de um currículo, não vamos enxergar o resto. Em tantas profissões sabemos que
homens e mulheres podem exercer funções com êxito, sem levar em consideração o
gênero. E na arbitragem não pode ser diferente”.
Texto: Mariana Patrícia
Foto: Divulgação
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