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A arte e a melancolia




Não é de hoje que distúrbios como ansiedade, pânico e depressão são diagnosticados.
Desde antes dos anos 1900 eles já ocorriam, mas tudo era tratado com banalidade, pois ninguém sabia o que realmente estava acontecendo. Com base nisso, o período do romantismo inspirou muitos autores a escreverem sobre um lado mais obscuro de suas personalidades.

Este movimento literário surgiu no final do século 18, com Lord Byron. As características desse poeta britânico vinham de sua melancolia romântica e pessimista. Quando o movimento chegou ao Brasil se dividiu em três fases: 1 nacionalista; 2ª: mal do século; 3ª condoreira. Porém, a mais influenciada por Byron foi a segunda, conhecida também como 'geração Byroniana', que teve como um de seus representantes no país o poeta Álvares de Azevedo.

Álvares de Azevedo escreveu, por exemplo, o livro 'Lira dos 20 anos' nessa idade, que é normalmente quando a depressão se desenvolve. De acordo com uma pesquisa feita pelo jornal O Estado de S. Paulo, o índice mostra que pessoas entre 18 e 29 anos são as mais acometidas.

O psiquiatra Marcelo Calcagno afirma que a chance de o distúrbio se manifestar em indivíduos com 60 anos ou mais é três vezes menor que em jovens adultos. "Fatores como perda de emprego, estressores familiares, divórcios e conflitos podem ajudar a desencadear", ressalta.

Além disso, a transição da adolescência para a fase adulta também é um estimulante. Quando 'Lira dos 20 anos' foi lançado, muitas pessoas foram encontradas mortas com um exemplar do livro no bolso.

Segundo o professor de literatura José Roberto de Sousa, "o poeta escrevia sobre a ausência de amor e a metafórica morte dele por falta da amada, o que fazia a vida parecer banal, então as pessoas se identificavam e acabavam se matando, já que o Álvares de Azevedo tratava desse tema em quase todos os poemas da fase do mal do século".
E assim como outros poetas dessa época, Álvarez de Azevedo morreu cedo, poucos meses antes de completar 21 anos. Diferente do que se pode imaginar pelos seus poemas, ele morreu vítima de uma tuberculose pulmonar que agravou para um tumor em parte do abdômen.

Texto: Andressa Aricieri 
Foto: Reprodução 


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