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Por que o futebol das mulheres difere tanto dos homens?

Características fisiológicas e aspectos físicos devem ser levados em conta quando se compara o estilo e a técnica de cada dentro de campo

O futebol é um esporte que requer de tudo um pouco, de estratégia e concentração à força física. Porém, o eterno debate sobre o futebol feminino se igualar ao masculino, envolve também aspectos como preconceito e um trabalho muscular e de condicionamento diferenciado.

Segundo o preparador físico Sérgio Peres, a quantidade de glóbulos vermelhos no sangue do corpo masculino é bem superior ao feminino. "Essas células são as responsáveis por transportar oxigênio aos músculos, e um homem tem um número maior de glóbulos no organismo".

A produção de testosterona é outra razão que difere nos dois organismos. Um número maior de síntese de proteínas, produzida por esse hormônio anabolizante, oferece uma massa muscular maior aos homens.

De acordo com estudiosos da área, mesmo que as mulheres avancem na parte física com o passar dos anos, os homens também estarão evoluindo. Ou seja, não haverá um momento em que ambos terão fisiologia compatível.

Para o preparador físico, é preciso também associar as diferenças fisiológicas às variáveis físicas do jogo, como força, velocidade, resistência e potência das mulheres. "A flexibilidade das mulheres, por exemplo, é maior do que dos homens. Assim, elas têm maior amplitude articular".

Adaptações no campo já foram sugeridas para uma melhor prática do futebol feminino, porém o estudo não encontrou acolhida na Federação Internacional de Futebol (FIFA). A instituição alega que, caso a modalidade feminina, que já enfrenta inúmeras adversidades, precisasse de locais específicos para jogos, a prática do esporte poderia custar mais caro e, com isso, pouco interesse dos investidores.

Portanto, as jogadoras devem potencializar seus pontos fortes, sem pensar na questão de comparação técnica. A semelhança entre os sexos no esporte deve vir em forma de respeito. "Uma coisa é clara: na questão fisiológica, nunca vai existir essa igualdade entre homem e mulher, por esses e outros motivos", conclui Peres.

A opinião é compartilhada pela ex-atleta Alline Calandrini, que chama atenção para uma diferença irremediável entre homens e mulheres: a menstruação, segundo ela, um dos períodos mais complicados para as jogadoras. Além dos nervos mais aflorados pela tensão pré-menstrual, elas sofrem também com as dores internas e o incômodo desses dias. "Eu me machuquei três vezes e lembro que, em todas, estava menstruada. Os fatores hormonais nos atrapalham sim fisicamente".


Porém, Alline afirma que raramente isso é um motivo que tira as atletas do treino. "Esse é o perfil do futebol feminino, a garra. Mas é claro que se alguém estiver em um dia muito ruim, o técnico entende". Por isso, a ex-atleta acredita que o comandante da equipe tem de ser compreensivo e não deve comparar a preparação das mulheres com a dos homens.

Texto e Foto: Beatriz Monteiro 

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