“O ser humano é um animal social”. Com
essa afirmação, Aristóteles identificou e traçou as bases do desenvolvimento
humano, com a informação ocupando um papel central dentro das sociedades.
É nesse cenário que surge o jornalismo,
com a premissa de integrar os indivíduos por meio da informação. A prensa de
Gutenberg dá início a um novo ciclo para a comunicação, com ainda mais destaque
para a atividade jornalística.
Na década de 1990 o jornalismo passa a
adquirir outras facetas. Em 1994, o Jornal do Comércio do Recife faz a primeira
publicação digital, inaugurando uma nova forma de comunicar.
Num primeiro momento, seguindo o
caminho antropofágico das mídias, os grandes veículos do país, como O Globo, Folha de S. Paulo e O Estadão apenas
transpunham o conteúdo veiculado em sua versão impressa. Mas foi questão de
tempo até que percebessem que precisavam adaptar a forma e linguagem, buscando
fisgar o público internauta, que não parava de crescer.
Samir Carvalho, jornalista, passou por
esse período. “Foi uma fase de adaptação desafiadora, mas muito gratificante.
Começamos a descartar as formas preestabelecidas – hard news e soft news –
e pudemos criar algo novo, que misturava ambas. Daí nascem a interatividade e o
real time”.
Não demorou e as grandes revistas
também entraram na onda. Em 1997 a Revista Veja abre caminho para tantas
outras, que também ocupariam o espaço web. Depois de uma breve adaptação de
forma, jornalistas e meios de comunicação tradicionais pareciam ter encontrado
uma forma de desenvolver seu trabalho no ambiente online.
Smartphones
e redes sociais
Simultaneamente, o mundo da tecnologia
produzia formas cada vez mais eficientes de autopublicação. Smartphones e redes
de internet revolucionaram os relacionamentos interpessoais e o jeito de as
empresas se conectarem com o consumidor.
Mas, se era um fato que as empresas de
tecnologia haviam se preparado para que o cidadão carregasse o mundo dentro do
próprio bolso, também era verdade que as de comunicação ainda não sabiam como
lidar com esse fenômeno.
Mais uma vez, grandes jornais,
agências de comunicação e assessorias de imprensa voltavam às suas mesas de
planejamento, buscando formas originais e eficientes de utilizar essas novas
tecnologias a seu favor.
É nesse caldeirão de misturas e
ebulições que o mercado jornalístico e dos profissionais da comunicação começa
a tomar as formas que apresenta hoje.
Mercado
e oportunidades
Instantaneidade, interação,
multimidialidade, hipertextualidade. Palavras complexas, que talvez sequer
façam sentido para profissionais da comunicação de anos atrás, mas que povoam
os diálogos de quem está no mercado de trabalho atualmente.
O combo internet + smartphones + redes
sociais deu origem a diversas profissões que sequer existiam anos atrás.
Analista de redes, profissional de métricas, gestor de conteúdo, social media e videomaker são só algumas delas. Isso sem contar as alterações
geradas em cargos já tradicionais, como o de redator, editor e assessor de
imprensa, que hoje precisam ser muito mais céleres em seus ofícios.
Óbvio, a raiz do trabalho do
jornalista/comunicador ainda é a mesma. A capacidade de ser eficiente no
processo comunicativo, conhecendo seus mecanismos funcionais e éticos sempre
será necessária. Mas as ramificações dessa árvore são cada vez mais diversas e
voltadas para o generalismo.
Para Caroline Avelar, o profissional de
comunicação agora precisa conhecer intimamente a ferramenta e o cliente. “É
muito importante entender o que seu cliente quer e saber qual ferramenta
garantirá aquele resultado. Por isso precisamos estar sempre atualizados, já
que as ferramentas mudam ao longo do tempo”.
Desafios
Nesse quadro de inovação tecnológica,
a volatilidade dá o tom de quase todas as ações. E o profissional menos
preparado tende a cair em armadilhas, como confundir rapidez com pressa, ou
informalidade com falta de profissionalismo.
Num ambiente onde cada um carrega sua
própria câmera e é capaz de se autopublicar, problemas como crises
institucionais e fake news são quase
inevitáveis. E é papel do jornalista estar preparado para combater esse tipo de
problema.
Perspectiva
Ainda não há clareza quanto ao futuro
do jornalista diante das novas mídias. Ferramentas, plataformas e mesmo formas
de linguagem mudam constantemente, fazendo com que o profissional que entende a
lógica das redes consiga se adaptar, enquanto o que estaciona em seus
conhecimentos, fique obsoleto em pouco tempo.
E o quadro tende a se agravar. A
geração dos Millenials – nascidos a partir dos anos 2000 – começa agora a
entrar no mercado de trabalho e adquirir poder de compra. É com eles, e todas
as suas peculiaridades, que precisamos aprender a dialogar. Sendo ainda mais
imediatos, interativos e criativos.
Texto e arte: Fábio Peres
0 comentários: