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Sentir-se bem, que mal tem?




Padrões de beleza estabelecem o que é 'ideal', mas há quem diga o contrário

Baixa autoestima é um problema na vida de muitas pessoas. A culpa é da criação de padrões de beleza, que às vezes não contemplam toda a diversidade de biotipos existentes.

Mas pessoas aprenderam a se amar do jeito que são e a opinião alheia não muda o conceito que têm sobre si. Afinal, existe mesmo, um ‘padrão de beleza’ a ser seguido. 

Ser uma figura pública e influenciar as pessoas com sua autoestima elevada, é uma conquista recente na vida de Ana Cristina da Silva, 29 anos. Com o nome artístico de Ana Cigarra, ela foi uma das participantes do programa de TV, The Voice Brasil da Rede Globo. Tem 1,68M de altura e pesa 130 kg. Mas não foi fácil chegar lá. Para Ana, conseguir certos trabalhos requer mais esforço por conta de seu peso.

Por outro lado, Cigarra conseguiu uma experiência única, a de desfilar em passarelas e não se preocupar com os olhares. Hoje, segue carreira dupla, além de cantora também é modelo plus-size. Com isso, foi a primeira a entrar cantando na passarela da Baixada Santista. “É um sonho. Tenho gostado muito dos trabalhos. Uni duas coisas que amo fazer, e foi um arraso!” sorri, empolgada.

Por seguir essas duas carreiras, Cigarra já pensou em emagrecer por causa da saúde. Ela foi uma das participantes do Além do Peso, um programa de TV, da Record. Emagreceu 13kg em um mês, mas não conseguiu manter o peso por muito tempo. No entanto, isso não muda o que pensa sobre si mesma. Para Cigarra a autoestima é aquilo que você passa para as pessoas.


“Se você se enxerga coitadinha, feia e sem graça, as pessoas vão te ver assim também. Se você se vê como uma mulher linda, poderosa, sexy, com certeza as pessoas irão no mínimo se perguntar de onde vem esse brilho todo”.

Preconceito não tem gênero

Além das mulheres, homens também sofrem com preconceito. Júlio Acácio, de 30 anos e 185 quilos, não se incomoda com a opinião dos outros. Quando se formou no Ensino Médio, o pai de uma amiga o incentivou a cursar Educação Física, porque ele sempre praticou esportes. Apesar de ser um curso onde a maioria das pessoas é forte e com o corpo atlético, ele nunca ligou para o que os outros pensam dele. "Se eu ligasse por ser chamado de gordo estaria fugindo da minha realidade, então nunca me incomodou", diz


O fato de estar acima do peso ideal, nunca o atrapalhou na profissão. “São as academias que criam o preconceito, não é culpa da graduação. Minha formação acadêmica me gradua o suficiente para conseguir dar um treino em academia, não preciso ser sarado para dar esse treino”, desabafa. O futuro educador físico há anos tenta emagrecer, mas seu metabolismo não é dos melhores. E ele assume: “eu também sou realista, gosto de comer”.

Elas também são fortes

No mundo diversificado onde vivemos, sabemos que mulheres têm a cada dia conquistado mais o seu espaço. É o caso de Mirian Fernandes, 48 anos. Antes fisiculturista, hoje Strong Woman e mulher mais forte do Brasil. Não é comum andar pela rua, e ver mulher com músculos por aí. Mirian descobriu sua paixão no levantamento de peso, exatamente para ir na contramão do modelo imposto pela sociedade.

Mirian olhava a sua volta e não conseguia encontrar o que lhe faltava. Não se sentia bem. Encontrou-se no fisiculturismo. Os comentários maldosos e preconceituosos não a intimidam. “Não me importo como as pessoas pensam, cada um tem uma forma de pensar ou agir, de ser feliz, e eu escolhi essa. Não me encaixava naquele padrão de esposa, dona de casa e mãe. Queria algo a mais. Encontrei no fisiculturismo”.

Cada um com sua cor

Mas será que só as formas do corpo causam preconceitos? Não. Tamires Brito de Azevedo, 28 anos, negra e muito bem resolvida, leva sua descendência muito a sério. Tammy, como é conhecida, expõe em suas redes sociais, seu maior orgulho: a origem africana. Com roupas bem desenhadas, cores vivas e muito brilho, ela resolveu mostrar que ser negro é um privilégio.


Mas quando pequena não era assim. “A mãe de uma amiguinha de infância disse que eu jamais iria namorar alguém, pois os rapazes teriam vergonha de ficar comigo porque eu sou negra!”. Um trauma que não se fez em seu coração. Com nariz afilado, e boca bem desenhada, Tammy desfila sua beleza por onde passa.

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