Uma pesquisa de 2015 encomendada
pela revista Época com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios (Pnad), do IBGE, mostra que o número de mulheres chefes do lar no
Brasil mais que dobrou em 14 anos. De 14,1 milhões de lares chefiados por elas
em 2001, a estatística mostra 28,9 milhões em 2015. O avanço é de 105%.
Os dados indicam um avanço
nas relações de gênero, mas inúmeros desafios, tais como a divisão mais
igualitária nos afazeres domésticos, ainda precisam ser superados. A pesquisa
questionou quem era a pessoa de referência do lar - aquela citada pelos membros
da casa como quem paga as contas e toma as decisões familiares importantes.
O comum eram as mulheres
responsáveis pela casa quando moravam sozinhas e sem filhos. Entretanto, este
fato vem mudando ao longo dos anos e hoje elas podem assumir a responsabilidade
até mesmo quando há um cônjuge ou criança. Maíra Dias de Souza, 38, tem um
filho de 14 anos que já trabalha, mas ela comanda a casa sozinha. “Sempre tive
minha independência financeira desde antes de ser mãe. Tive uma educação
feminista. Minha mãe sempre geriu nosso lar”, comenta.
A socióloga Renata Daniel
afirma que toda mudança social corresponde a eventos ocorridos em esferas
culturais, políticas e econômicas. Ela conta que o empoderamento feminino dos
dias atuais se deve a processos históricos, avanços no cenário político, além
da liberdade sexual e intelectual.
“Ser chefe de família hoje
não corresponde apenas à necessidade econômica de suprir a falta masculina no
orçamento, mas é também por escolha e autossuficiência delas”, explica a
socióloga.
Mas será que as mulheres vão
continuar a crescer nesse cenário? Maíra e Renata acreditam que sim e, por
causa de tudo o que todas já enfrentaram na vida, a ideia é que o crescimento e
a visibilidade não parem. O empoderamento feminino e a sororidade (movimento
que as mulheres se unem baseando-se no companheirismo e a empatia) é onde
muitas conseguem encontrar forças para mudar o patriarcado. O machismo, apesar
de ainda recorrente, perde forças com as ações que elas propõem, com visão de
mudar o mundo.
“Autossuficiência, liberdade
e a construção cultural do protagonismo feminino é o que faz com que as
mulheres, hoje, ocupem lugares que antes eram impossíveis”, explica Renata.
“O futuro é feminino. A
força da mulher é cheia de sensibilidade e de amor ao próximo. Por isso, ela é
capaz de grandes mudanças que a sociedade precisa”, finaliza Maíra.
Texto: Andressa Aricieri
Foto: Reprodução
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