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Conheça o músico Faustino Beats



O músico e produtor baiano Faustino Beats, nome artístico de Raí Faustino, está se destacando no mundo rap. Sua relação com a música começou na adolescência e, ao longo dos anos, tocou em diversas bandas de rock e metal.

As letras de rap eram escritas em casa: “Não tinha coragem de botar a cara na rua”, conta. Com o tempo e o amadurecimento, começaram os beats, principalmente quando Faustino sentiu necessidade de fazer algo sozinho e que dependesse de menos recursos.

Atualmente, divide o trabalho musical com outro emprego. Essa conciliação, segundo ele, é viável. “Fico 8h por dia no trampo e à noite sempre foco no meu corre de música”. Quando as coisas estão mais tranquilas no trabalho, ele ainda consegue tirar um tempo para fazer coisas pessoais. “Tive sorte de trabalhar num lugar que respeita meu corre e me dá liberdade para fazer isso, de vez em quando”.
Como artista independente, a maior dificuldade é a divulgação e o marketing. “Confesso ser leigo na área, é sempre um desafio para mim fazer meu trampo chegar mais longe”. Apesar disso, a perseverança tem possibilitado muita evolução para o artista nos últimos anos.

O processo para compor geralmente tem uma mistura. Nasce de experiências de vida ou sentimentos específicos, mas Faustino gosta de utilizar poesia para levar a música a outro nível. Ele afirma ser como se estivesse desabafando e contando uma história ao mesmo tempo.

Vibes

O novo álbum Vibes Vol. 1 foi lançado dia 2 de novembro. É introspectivo, aborda assuntos sensíveis nas letras. É a correria de um jovem atrás do seu próprio som, além de retratar o amor, insegurança, depressão, superação e confiança. É um álbum humano, com traços do trap e do R&B.

Surgiu de forma espontânea, em uma viagem a São Paulo em Julho. “Foi fruto das experiências que tive lá”. Desde a ideia até o lançamento, o artista levou menos de 4 meses, fez o disco rápido pois sentiu vontade de fazer com que retratasse o momento e não ficasse antigo. E os feedbacks sobre o novo álbum foram em sua maioria, recepções positivas.

“Fiquei muito feliz”, diz Faustino, que informa que o novo trabalho foi citado em algumas listas de melhores do ano no twitter. “Agora o desafio é aumentar o alcance e a divulgação”.

O disco é muito importante para o músico porque surge em um momento de transição na vida em que está apostando muito em sua arte, amadurecendo a visão e aprendendo. “Profissionalizando, mas sem deixar minha visão artística e minha sinceridade na hora de me expressar”, comenta.

O primeiro álbum de Faustino foi ‘Kuro’, que segundo ele, foi um disco muito nerd. Desde a arte até a maneira que os beats e versos foram produzidos. “Foi algo que sempre quis fazer, um disco meio complicado de ouvir e entender, exige muita atenção. O Vibes é outro lado da moeda, apostei muito mais em clima e atmosfera, e busquei levar mais sentimento. Como o Kuro é uma trilogia e o Vibes é apenas o volume 1, ainda vou explorar bastante esses dois lados nos próximos anos”.

Sobre o próximo passo, ele comenta que é trabalhar pesado na divulgação do disco enquanto compõe novas músicas. “Fazer música é minha cachaça (risos)”.

“Quero que nossa geração de artistas salve vidas, assim como Mano Brown e Emicida me salvaram tantas vezes”

A música é um dos instrumentos mais fortes da cultura afro. É sinal de resistência. O rap e a cultura hip-hop nasceu em berço de cultura negra e “é indispensável que nossa voz esteja presente e seja ouvida na arte contemporânea”. De acordo com o músico, é mais importante que nunca afirmar que o rap é uma cultura negra e que injeta autoestima em jovens negros.

Segundo Gabriel Aragão, estudante de moda na Universidade Anhembi Morumbi, uma faixa como Kobe é importante porque passa um tipo de mensagem, é motivador. “Você se identifica com o artista, com a ideologia, se vê no lugar dele”.

No trecho de ‘Cinza pt 2’, o artista canta ‘acho que a depressão vai me pegar outra vez’ e traz uma importante reflexão sobre saúde mental. “Tem muitas pessoas sofrendo com isso mundo afora, e quando a música mostra algo assim, abrimos o debate publicamente, e as pessoas veem que não estão sozinhas”.

Trabalho

Em 2016, com o boom gerado pela música Sulicídio, Faustino ainda estava dividido entre carreira musical e rotina de vídeos no Youtube na época. “Então acho que meu verdadeiro potencial, musicalmente falando, ainda vai ser explorado daqui para frente”.

Sendo artista independente, para realizar um show basta chamar. “Ué, chama que nóis vai! (risos). Mas falando sério, a logística é a mesma de qualquer show de rap, que é um modelo barato”. Especificando: passagem, hospedagem, alimentação para o artista e para equipe e o cachê.

Quando questionado se gostaria de fazer show em Santos, o artista não demorou em responder “Claro, adoraria! Ainda quero viajar o país todo levando minha VIBES!”.

Confira uma das músicas de Vibes Vol.1:


Texto: Isabela Ribeiro
Fotos: @lucazfotos no instagram


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