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Bolha dos filtros explica falha de institutos de pesquisa nas eleições


                   Resultados de institutos de pesquisa geram desconfiança de eleitores e debate sobre as causas dos erros

As últimas eleições norte-americanas e brasileiras foram marcadas pela atuação dos institutos de pesquisa. Os dados apresentados antes de alguns pleitos não chegaram nem perto da confirmação apresentada com o resultado das urnas.

Hillary Clinton era favorita até a confirmação da vitória de Donald Trump. No primeiro turno das eleições para o governo de São Paulo, Márcio França aparecia em 3º lugar, mas disputou o segundo turno com João Doria.

A percepção dos jornalistas que analisam o cenário político também se mostrou falha. Veículos como Folha de S. Paulo, BBC e Nexo Jornal deram matérias dizendo que a renovação política no Congresso seria mínima. No entanto, o Senado apresentou uma renovação de 85%, considerada a maior na história da República brasileira.

O fenômeno que vem ocorrendo, entretanto, é a bolha dos filtros. A teoria originalmente aplicada às redes sociais pode ser observada tanto em institutos de pesquisa como entre profissionais de jornalismo, todas as vezes que esquecem de captar o cenário real e acabam escrevendo pela perspectiva da subjetividade.

Para Fernando De Maria, diretor da Enfoque Comunicação, muito jornalista precisa “descer um pouco do salto” e entender a realidade das redes sociais. “O mundo mudou e essa eleição foi principalmente do Whatsapp. Precisamos pegar as lições disso para saber como serão as próximas”, afirma.

Segundo De Maria, as pessoas têm direito à informação, mas é necessário entender que a pesquisa é um retrato do momento, única forma de mensurar o impacto das campanhas. Para quem duvida da veracidade delas, agora podem ser confirmadas por meio de gravações feitas em tablets.

“Além do pesquisador colocar os dados no aparelho, ele grava a entrevista e o pessoal do instituto recebe as informações. Serve até para sentir como os entrevistados reagem a cada pergunta que é feita, porque às vezes no papel você tem uma resposta única, mas é importante contextualizar o que vem antes”, diz.

Texto e foto: Vitória Aparecida

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