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Entra o MDF, sai o trabalho artístico

Rebeca de Souza

Marceneiros sentem falta de trabalhar com madeira de verdade
Peças únicas, pensadas e criadas com detalhes mínimos. Assim eram criados os móveis até o século XX. Chapas maciças de mogno, cerejeira, imbuia que até há alguns anos davam um aroma único às oficinas de marcenaria emprestavam aos moveis beleza e durabilidade e enchiam de satisfação os artesãos da madeira, conhecidos profissionalmente como marceneiros. Mas com o tempo, a matéria orgânica foi substituída por um material mais fácil barato e mais fácil de ser manuseado: o Medium-Density Fibreboard, mais conhecido como MDF.


MDF é uma chapa de fibra de madeira prensada, que proporciona ótimo acabamento, como o verniz.   

A tecnologia tem agradado muitos clientes por oferecer design mais moderno e bonito, porém nem todos os profissionais de marcenaria gostam da modernidade, que limita a criatividade e impede requintes artísticos no acabamento.

José Mendes Claro, dono da Marcenaria Decorama, em Santos, sente falta de trabalhar com a madeira e lamenta a escassez do material nas oficinas. “A madeira foi o que fez eu me apaixonar pela profissão.”

Para os marceneiros antigos desta oficina também não é diferente, eles chegam a afirmar que a marcenaria de verdade está entrando em extinção. “Com essa modernidade já não é a mesma coisa ser marceneiro, mas mesmo sem querer precisamos nos adaptar às mudanças”, disse o marceneiro Saulo Xavier, há 40 anos na profissão.

Eles afirmam que a paixão pela madeira vem por ela possibilitar desenhos mais detalhados que expressam a verdadeira essência da profissão. Já o MDF não permite esculturas muito sofisticadas, com arcos e dobras, reduzindo as possibilidades de criação. “Nós apenas cortamos no tamanho que o serviço pede e pronto, é mais fácil, porém menos prazeroso.”, garante José dos Reis, com mais de quatro décadas de marcenaria.

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