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Bonde santista resgata profissão extinta

Esther Zancan

 Quando os bondes deixaram de circular, eles saíram de cena. Redescobertos pela volta da linha turística, motorneiros e condutores hoje pilotam uma viagem no tempo



São eles que nos levam pelo passeio que faz o movimentado Centro de Santos ganhar ares nostálgicos. No balanço gostoso da atração mais queridinha da Cidade o visitante percorre os ícones da história santista e brasileira.

No comando da máquina, dois homens vestidos com impecáveis uniformes dos velhos tempos trazem de volta o charme de profissões que foram atropeladas pelo bonde da tecnologia.

Alexandre Beckedorff, 43, motorneiro desde 2012, explica melhor a diferença entre as duas funções. “O motorneiro opera o bonde, pois não existe o termo ‘dirigir o bonde’, já que ele é um veículo elétrico sobre trilhos. Ele acelera e freia. Já o condutor é o que tem o poder da dirigibilidade do equipamento, por meio dos AMVs – aparelhos de mudança de via – uma espécie de alavanca que muda os trilhos de lugar. O condutor é como se fosse o ‘volante’ do bonde”.

Alexandre lembra também que antigamente a função do condutor era apenas a de cobrar a passagem. O motorneiro acumulava a função que hoje é do condutor.

Para quem ficou com vontade de sair “pilotando” um bonde por aí, Alexandre diz que o curso para motorneiros e condutores é ministrado internamente pela Companhia de Engenharia de Tráfego de Santos (CET). “É igual o que acontece com maquinista de trem, não existe uma carteira específica do Detran para tais funções. No passado, era até necessário uma carteira especial na Delegacia de Trânsito, hoje não mais”.

Sobre estar no comando de uma verdadeira máquina do tempo, Alexandre conta o que sente. “Por estar em um veículo de praticamente 100 anos, e também pelo barulho característico, os solavancos, o assoviar das rodas nas curvas, é natural, mesmo vendo a paisagem atual, voltar ao passado”.

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