Por Jackeline Amorim
Você sabia que uma em cada oito crianças inglesas falam “tablet” como sua primeira palavra? Nada de "papai" e "mamãe" primeiro. Quer ver um pouco mais da importância da tecnologia atualmente? Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, usou o Twitter para se posicionar em relação aos protestos que estava recebendo, aliás, o americano usa as redes sociais como principal forma de comunicação, antes mesmo de veículos convencionais.
De acordo com a União Internacional de Telecomunicações, o número de internautas no mundo já é de 3,2 bilhões. A pesquisa TIC Domicílios 2015 afirma que 58% da população brasileira usa a internet, ou seja, cerca de 102 milhões de pessoas. Não dá para negar que as coisas ficaram ainda mais fáceis com os smartphones. A 28ª Pesquisa Anual de Administração e Uso da Tecnologia da Informação nas Empresas, realizada pela Fundação Getúlio Vargas, afirma que são 208 milhões de smartphones em uso no país. Em 2017, já são 280 milhões de dispositivos móveis com conexão à internet em uso, considerando não só os celulares, mas também notebook e tablet.
Quer ir mais além? Pense agora em quanto tempo você gasta navegando na internet diariamente, ou ainda, quantos vídeos assiste por dia. Pensou? Você sabia que agora faz parte de uma estatística? Ano passado, o Facebook alegou ter cerca de 100 milhões de horas de vídeo assistido por dia na rede social. A importância do audiovisual é tanta que cerca de 200 milhões de usuários ao dia utilizam o Instagram Stories, recurso do aplicativo que permite que vídeos gravados durem apenas 24h no ar.
A empresa Nielsen analisou o mundo e sua relação com vídeos sob demanda, ou seja, o conteúdo disponível a qualquer hora na internet. O resultado foi surpreendente: da América Latina, o brasileiro é o mais adaptado a esse material, pois 7 em cada 10 consumidores acessam o conteúdo dessa maneira, e mais, 24% dos brasileiros afirmaram assistir vídeos mais de uma vez por dia. Segundo o estudo, 61% da população brasileira assiste vídeos pelo celular e 81% o faz através do computador.
A vida de Andressa Lara, de 23 anos, coincidiu com sua volta ao Youtube, plataforma de vídeos, bem nesta época em que vivemos. “Em 2011, eu fiz o meu primeiro canal onde eu falava sobre beleza e Do It Yourself. Em 2015, eu acabei ficando sem tempo. E também achava que o assunto que falava não era o que queria para o futuro. Mas eu sempre amei isso, moda é algo que eu amo conversar e encontrei no YT a liberdade para fazer da forma que quero”, diz a jornalista recém-formada, que usa o próprio nome no site.
O Youtube tem mais de um bilhão de usuários e a cada dia gera bilhões de visualizações. Nos Estados Unidos, o site atinge mais adultos de 18 a 49 anos que qualquer rede a cabo. Com cinco anos de canal, quase 12 mil inscritos e mais de um milhão de visualizações, Andressa conseguiu comprar a iluminação para melhorar as gravações com o dinheiro que recebeu.
Com o título de Na Vibe, Tainá Menezes, universitária que mora em Uberlândia, resolveu expor suas ideias e entreter as pessoas com seu próprio conteúdo, dividindo seu tempo com o trabalho de administração em uma multinacional e os vídeos. “Sempre fui uma seguidora fiel da plataforma e esta sempre foi uma das minhas mais relevantes formas de entretenimento. A televisão em casa se aposentou há uns 8 anos, pelo menos. A princípio criei o canal para ser uma válvula de escape do meu mundo real. Até agora, nunca pensei em desistir. É cansativo, mas é o que eu realmente gosto de fazer”, diz a jovem de 22 anos, que recentemente fez um vídeo com valores feministas, contando a história sobre assédio que sofreu dentro de sua universidade.
Não há pesquisas que indiquem quantos youtubers há no mundo, apesar deste não ser um fenômeno só nacional. Nienke Helthuis é holandesa e começou a fazer vídeos com conteúdo de outras nacionalidades, como conteúdos dela tentando falar outras línguas. Ao tentar o português, conseguiu com que 95% de seu público se tornasse brasileiro.
Aos cinco meses de conteúdo online, Superamandinha, como Amanda Cunha nomeou seu canal, já enviou oito vídeos e fez duas parcerias com outros youtubers, como os profissionais são chamados. A santista de 28 anos começou as gravações quando voltou para o Brasil, após viver seis meses em Londres. “Antes de me mudar, meus amigos me pediram bastante, pois queriam ver minhas aventuras na terra da Rainha. Mas foi só quando voltei que resolvi dividir a enorme quantidade de histórias, vídeos e fotos de lá, fazendo referência às coisas que vivo aqui atualmente. Apesar disso, eu já pensei em desistir. Não o fiz porque, mesmo que não consiga publicar com tanta frequência, eu enxergo que meu conteúdo pode de fato ter relevância. Já tenho uma festa de aniversário me assistindo, sabia? Eles lotariam um buffet. Quem sabe em breve a gente não possa lotar o Maracanã?”, diz a também relações públicas.
São vários conteúdos, de games a humor. De brincadeiras com os amigos a denúncias sérias da vida real. São incontáveis pessoas criando conteúdo e ganhando seu respectivo espaço. Até o momento desta matéria, Whindersson Nunes, maior canal do Brasil, possuía mais de 20 milhões de pessoas inscritas. Kéfera Buchmann, em seu canal 5inco Minutos, mais de 10 milhões. Júlio Cocielo, em seu Canal Canalha, mais de 12 milhões e meio. LubaTV mais de 4 milhões. Nomegusta, mais de 4 milhões. Muca Muriçoca, mais de 3 milhões. E esses são apenas alguns dos canais de destaque no país.
Christian Figueiredo, paulista de 22 anos, começou a postar seu conteúdo há 6 anos. Atualmente, seu canal, intitulado Eu Fico Loko, ultrapassou 8 milhões de inscritos e seu nome foi citado pela Forbes como um dos 91 jovens mais influentes do Brasil antes dos 30. "O começo foi mais difícil, pois precisava fidelizar um público. Mas eu nunca tive essa crise de começar um projeto e viver para ele, porque fazia como um hobby, que ficou sério depois da escola. O tempo passou, eu comecei com 15, agora tenho 22, eu amadureci como pessoa, por isso, o conteúdo também. Mas a essência é a mesma, continua como começou: eu sendo eu mesmo", afirma.
Anteriormente citado, Whindersson Nunes, piauiense de 22 anos, é dono do maior canal do Youtube no Brasil. Em Março, o também comediante apresentou sua peça de teatro em Brasília, no estádio Nilson Nelson. O local ficou cheio, com quase 10 mil pessoas. Há quem não queira acreditar que youtuber é uma profissão. Há quem não acompanhe essas pessoas que ganham a vida, inclusive, fora das telas, com propagandas e investimentos que surgiram das visualizações na plataforma online. Mas não há como negar que pessoas que influenciam e reúnem multidões, seja em estádios, teatros ou sites, são notórias em nosso contexto de sociedade.
Selfie da repórter Jaqueline Amorim e o youtuber Christian Figueiredo |
“O que pesa nas visualizações é aquilo de você ter duas plataformas: a televisão, que você não consegue escolher o que vai ver e o on demand, que você escolhe o que quer e tem o poder de colocar pra frente e pra trás, isso que é o incrível dessa nova geração”, comenta Christian. “Para quem quer começar nesta vida agora, eu acho que o essencial é não vislumbrar o sucesso logo de cara, cada um é cada um. Quando comecei, era uma brincadeira. Eu tive inspirações, claro, mas trilhei meu caminho sem olhar para uma pessoa e querer ser ela. Eu vejo tanta gente largando faculdade, trabalho... Chegam em mim dizendo “larguei tudo, vou viver esse sonho de ser youtuber”, e acho que é muita responsabilidade largar o certo pelo incerto, porque, pra mim, é incerto ainda, agora não tanto mais, mas a profissão é muito incerta. Ou seja, basta você acreditar em si mesmo, mas sem fazer loucuras”, aconselha o lokão, como é conhecido por aqueles que o assistem.
Uauuu! Muito legal, adorei a matéria.
ResponderExcluirAdoreeeei a matéria! <3
ResponderExcluirMuito boa!
ResponderExcluirMatéria ótima demais! Parabéns, eu amei.
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