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Cuidado: religião também vicia



Um estudo da Universidade de Utah, em Salt Lake City, nos Estados Unidos comprovou que rezar, transar, se drogar e ouvir música ativam as mesmas regiões do cérebro. Segundo a pesquisa, essas regiões funcionam como nosso centro de recompensa e está associada diretamente a vícios como drogas, jogos de azar e sentimentos de amor fraternal ou romântico e também ao fanatismo religioso. Ou seja, a área do cérebro que você ativa quando abraça sua mãe é a mesma de quando você se droga, come uma comida que queria muito ou faz uma oração.
O cozinheiro Celso Ribeiro, de 59 anos, relembra quando a vida virou de cabeça para baixo por conta do fanatismo religioso. “Aqui em casa ninguém assistia algo na televisão que não fosse canais católicos. Eu me arriscava no trabalho, saindo mais cedo e até faltando para estar sempre na igreja. Às vezes o padre até pedia para eu ir um pouco para casa”, explica.
A psicóloga Bruna Leoneli afirma que – assim como um viciado em drogas- a ajuda de um profissional é essencial, para que o paciente entenda e aceite a situação em questão. “Na maioria das vezes o religioso não enxerga que está passando dos limites. A família e os amigos mais próximos sempre percebem primeiro”, ressalta Bruna.
Patrick dos Santos, filho de Celso conta que sua adolescência foi difícil ao lado do pai que não enxergava o vício. “Eram brigas dentro de casa todos os dias. Minha mãe ficava desesperada, ele não ajudava ela em nada. Só sabia falar de Deus e viver na igreja. Não havia dialogo familiar, não existia mais conversa sobre as coisas de casa”, acrescenta.
As coisas dentro da casa de Celso só começaram a melhorar quando ele fez uma grande amizade com um padre, que se tornou até padrinho do filho mais velho. “O Padre José Fernandes cortava todos os assuntos de igreja quando eu estava dentro de casa, me fazia falar sobre outras coisas. Chegava em minha casa e propunha que assistíssemos um filme que não fosse em canal religioso. Assim, aos poucos, foi me mostrando que eu não precisava ser obcecado por Deus ou pela igreja”.
Amigo até hoje de Celso, o padre José acredita que tem a responsabilidade de - mesmo vivendo na igreja - mostrar às pessoas que a vida não é só lá. “Tem muitas coisas a se fazer e viver. Quando vejo alguém nas condições que o Celso ficou ou até pior, me sinto na obrigação de mostrar um outro lado”, complementa.
Para o teólogo Rogério Rodrigues, a grande questão é: a religião não foi feita para deixar alguém viciado. “A busca por Jesus, Deus, seja quem for, deveria ser extremamente natural, livre e agradável, mas a humanidade tornou esta busca – em alguns casos – em uma doença. Vale ressaltar que isso não acontece só dentro de igrejas católicas. São em várias religiões ou segmentos religiosos”, finaliza Rogério.

Larissa Pedroso


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