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Prazer ou vício?

Por Renan Costa


O prazer, diversão e alegria proporcionados pelos jogos, principalmente o videogame pode dar lugar a um padrão de comportamento viciante. É com isso que devemos nos preocupar diante o avanço tecnológico que a cada dia consolida mais o videogame como uma forma de entretenimento. O setor movimenta US$ 100 bilhões por ano no mundo. Mas afinal, a partir de qual momento o prazer do jogo dá lugar ao vício?
De acordo com o psiquiatra Everaldo Furtado de Oliveira a atividade deixa de ser uma diversão saudável quando começa a prejudicar o equilíbrio entre a vida real e a virtual. Além disso, o jogador apresenta perda de criatividade e alterações de humor. Habilidades sociais, como interações na vida real, se tornam um problema. Afinal, o isolamento é mais um hábito padrão de comportamento do viciado.
O problema, antes ignorado, ganha cada vez mais visibilidade e preocupação. A Organização Mundial da Saúde (OMS) catalogou no início deste ano o vício como um distúrbio mental. A 11ª Classificação Internacional de Doenças (CID) denomina a condição como "distúrbio de games". O documento descreve o problema como padrão de comportamento frequente.
Segundo a instituição, a doença acontece tanto entre usuários de jogos de computador quanto de consoles específicos como videogames e smartphones. Para ser diagnosticado, de acordo com a OMS, a pessoa precisa ter um acompanhamento médico de pelo menos um ano.
Para Everaldo, primeiro é preciso entender como o vício é estimulado. “Ele é o resultado do nível de um determinado hormônio, a norepinefrina, que baixa seu nível devido a hábitos e comportamentos – neste caso - do jogador. Assim, a única forma de aumentar o nível da norepinefrina é jogando cada vez mais tempo com maior frequência”.
Ainda de acordo com o médico, em caso de jogos violentos, o nível do hormônio aumenta ainda mais. O vício começa a partir do momento em que o jogador tem a necessidade de elevar o nível deste hormônio. “Há mudança nos hábitos e comportamentos do indivíduo, tornando a situação preocupante. A compulsão é um dos primeiros sinais. A alegria vira tristeza e raiva devido a incapacidade de parar com o jogo. Como consequência se evidencia a dificuldade em completar uma tarefa normal, o cérebro não consegue direcionar a atenção para coisas simples”, explica o psiquiatra que começou a pesquisar mais sobre o assunto devido a catalogação da OMS.

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