Acabou a paixão pelo futebol?

A paixão do brasileiro pelo futebol tem sido questionada nos últimos anos. Pesquisa feita pelo Datafolha em janeiro deste ano, mostra que parte da população brasileira não tem interesse algum pelo que acontece dentro dos gramados. Dados apontam que 41% das pessoas ouvidas se declararam totalmente desinteressadas. Os números apontam um crescimento em relação à mesma pesquisa realizada em 2010. O último levantamento aponta que 31% dos entrevistados têm desinteresse pelo esporte que é símbolo do País. 

Vários fatores podem influenciar. Crise econômica desde 2015, escândalos políticos, sem contar o assombroso resultado em plena semifinal de uma Copa do Mundo realizada no Maracanã. Outro motivo pode ser também as obras de infraestrutura prometidas para que o Brasil sediasse a Copa, o que não foi cumprido em diversos estados brasileiros.

O interesse dos torcedores mudou bastante nos últimos 16 anos. Em 2002, o Brasil ficou aflito com a lesão de seu principal jogador: Ronaldo Fenômeno. Já neste ano, Neymar se machucou a poucos meses da Copa e não teve a repercussão que Ronaldo proporcionou.

“Estou mais interessado nos games ou nas séries que já assisto. Futebol, ao menos para mim, não é prioridade. Se Neymar se machucar, ou o Brasil ganhar não me afeta. Ter uma série que gosto bastante cancelada sim, posso dizer que me afetaria de alguma forma”, conta o estudante Ruan Dias de 17 anos. Na faixa etária entre 14 e 24 anos, 35% dizem que não têm qualquer interesse pelo futebol.

Além da falta de organização que impera fora dos gramados, não temos os melhores atletas do esporte atuando no Brasil. A decisão dos jogadores em atuar em campeonatos europeus e no Oriente Médio é influenciada pelos salários muito altos e, também, a estrutura do futebol dos outros países.

A forma como os jogadores atuam também influencia na paixão dos torcedores. “O jogador não demonstra a mesma garra dentro do campo. Falta suar a camisa, dar o sangue pelos times que defendem”, opina José da Fonseca, aposentado de 67 anos. A pesquisa do Datafolha também evidencia o descontentamento pelos torcedores com 60 anos ou mais: o número chega a 47% dos entrevistados.

“Acredito que a política cercada pela corrupção da Confederação Brasileira de Futebol além da humilhação por 7x1 para a Alemanha dentro de campo claramente colabora para o descontentamento dos torcedores hoje em dia”, afirma Renan Camargo, sociólogo que confessa certo desestímulo com a Copa de 2018.

Por Renan Costa