Qual voz fala mais alto? A
da memória que circunda os patrimônios deteriorados de uma cidade ou a das
pessoas que subsistem dentro desse cenário?
A narrativa Pelas ruas do Paquetá é sobre o primeiro
contato. Dentro de toda complexidade que reside uma das áreas mais degradadas de
Santos, essas imagens retratam apenas uma micro partícula do que hoje é o
Paquetá.
As mudanças parecem
ocorrer em um ritmo diferente, não com a rapidez das grandes cidades, muito
menos com a tranquilidade das pequenas.
Os casarões hoje são
cortiços, a construção em verde e azul resiste entre duas empresas. As paredes
servem de anotação com seus desenhos, frases e rabiscos. As fachadas causam
aflição sobre a realidade que deve existir do outro lado. Realidade que compõe
a história da mãe que chora pela ausência da filha, Carla Roberta de 9 anos,
achada morta com sinais de estupro na Rua Constituição.
São nessas ruas que
habitam a precariedade, o esquecimento e a desigualdade. Ironicamente, em uma
cidade que até 2014 foi considerada a melhor do país para se viver e que atualmente
possui o status “de melhor lugar para se viver a 3ª idade”.
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