Alexia Faria, Gabriel Soares, Mayra Rodrigues e Paolo Perillo
ATÉ QUE PONTO VOCÊ É TOLERANTE?
A revista Viral quis medir como andam os limites da tolerância no dia a dia das ruas, escolas, espaços públicos e ambientes de trabalho. Como num jogo de tabuleiro, o desafio foi provocar os entrevistados a confessarem, a partir de uma perspectiva bem pessoal, que comportamentos sociais, gestos e palavras são decididamente intoleráveis.
E você, leitor, já se perguntou diante de qual situação seu nível de tolerância chega a zero?
Só para lembrar: a expressão "tolerância zero", hoje tão usada tanto no contexto político quanto no âmbito policial, na relação empregador-funcionário, ou até mesmo na postura com que os pais agem com seus filhos, ganhou notoriedade nos anos 1990. A cidade de Nova York vivia sob a sombra do crack, da criminalidade e do medo. O prefeito Rudolph W. Giuliani instaurou a política da tolerância zero, um policiamento super ostensivo, com o objetivo de eliminar por completo qualquer atitude ou ato criminoso. Com isso, Giuliani conseguiu reduzir pela metade as taxas de criminalidade de Nova York.
De lá para cá o termo passou a ser usado nas relações interpessoais para nomear um sem-número de situações-limite. Afinal, quando se trata de vida em sociedade, a fronteira entre o que é bom, construtivo e ético nem sempre está claramentre demarcada.
Segundo a psicóloga Maria Regina Roma, tolerância é o estado em que nós temos de suportar situações, analisar, sentir e pensar o que é melhor. "Vai muito além do certo e errado, justo e injusto. É uma postura ética frente a situações adversas", acredita.
Na visão dela, o conceito de intolerância também pode ter um lado positivo: "É quando o indivíduo não aceita aquilo que prejudica o outro, não podemos ser tolerantes com tudo", conclui.
"Na minha opinião, tolerância zero seria algo que realmente já ultrapassou o limite e que acaba se tornando algo insuportável ao ponto de ser um incômodo" (Felipe Alves / Jogador Santos Tsunami)
Tolerância zero para quem não dá seta, não sinaliza. O que causa mais acidentes é isso, além daqueles que ultrapassam a faixa de "PARE" por falta de atenção. Isso pode custar a vida de uma pessoa, um risco para nós, que trabalhamos nas ruas. (Robert Costa / Motoboy)
"Eu não tolero é a falta de comprometimento do cliente, que muitas vezes não comparece e não desmarca. Combinamos o valor em cima de um desenho, e ele muda na última hora e não aceita o novo valor. Isso quando não " esquecem" o dinheiro. É muito difícil tolerar tudo isso" (Kenzo Nagatomo / Tatuador)
"Minha tolerância é zero com relação ao preconceito, às discriminações, aos abusos sexuais, no que diz respeito à orientação sexual e identidade de gênero, a LGBTfobia. E também as intolerâncias contra raças e etnias, religiões e minorias" (Taiane Miyake / Comissão Municipal de Diversidade Sexual de Santos)
"No futebol, o que eu não tolero é preguiça! É o que mais me incomoda. Consigo tolerar falta de técnica, ou até mesmo falta de conhecimento tático. Mas alguém que não queira correr por preguiça, eu não tolero" (Kelly Rodrigues / Jogadora de futebol)
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